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Quando o racismo adoece na entrada

Seja muito bem-vinde, se aconchegue onde quer que esteja. Hoje o papo é uma introdução ao tema “Construção da Identidade Negra”.





Em 1992, a Federação Mundial de Saúde Mental escolheu o dia 10 de outubro para chamar atenção da sociedade para um problema esquecido por tantos. Afinal, cuidamos de nossa alimentação, do nosso bolso, aparência e vestimentas. Mas como anda sua saúde mental? Acabamos de sair do Setembro Amarelo, e não se fala mais sobre como nos sentimentos por dentro. Uma ou duas vezes ao ano não é o suficiente.


E o que isso tem a ver com racismo? Tudo. Segundo dados do Ministério da Saúde, cresceu em 12% o risco de suicídio da população negra, entre 10 e 29 anos. O índice entre a população branca se manteve estável. Isso quer dizer que nossa sociedade está adoecendo os nossos, que o racismo estrutural faz cada vez mais vítimas. A pesquisa também está disponível na cartilha “Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros - 2012 a 2016”, onde há estudos aprofundados sobre o assunto.


Foucault disse uma vez “não é possível cuidar de si sem se conhecer”. E nós, negros, tivemos nossas identidades negadas por séculos a fio, nossas raízes apagadas e forjadas. Como cuidaremos de nós mesmos se ainda estamos no processo de nos conhecer?


Uma das tarefas mais complexas da minha vida foi me reconhecer enquanto mulher negra. Pois, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a raça é autodeclaratória e afirmativa, e leva-se em consideração a ancestralidade, além do fator fenótipo (características físicas). Em 2016, a população negra era de 112 milhões - dado do IBGE.


Mas eu cresci vendo branquitude em tudo, desde bonecas, princesas da Disney e atrizes mirins, poucas eram parecidas comigo. A construção da autoestima foi algo inexistente, eu assistia TV procurando inconscientemente por alguma criança negra que pudesse servir de inspiração para mim, me lembro de alguns exemplos (femininos) que marcaram minha infância:


Ver poucas pessoas negras fez com que eu negasse a minha identidade, me comparasse à colegas brancas, tentasse me encaixar num padrão o qual eu nunca faria parte. Crescer numa sociedade onde o racismo prevalece, fez - e faz - com que jovens adoeçam diariamente, a falta de acesso a universidades, oportunidades de emprego, exclusão de círculos sociais, dentre outros, são os responsáveis pelas altas taxas de suicídio.


“O jovem negro, quando está na fase de construir sua própria identidade, a constrói a partir do entendimento de que ser negro é ser inferior, ser feio, ser menos valorizado (...) Essa percepção de não pertencimento faz com que esse jovem tenha um sofrimento e um adoecimento muito maior e pode, em muitos casos, levar ao suicídio negro” - explica Rita Borret, médica e presidente da Associação de Medicina de Família e Comunidade do Rio de Janeiro.


Estatisticamente falando, a mortalidade decorrente de suicídio entre adolescentes e jovens negros é 45% maior, onde a cada 100 suicídios de jovens brancos, houve cerca de 145 entre negros.


Fonte: Análise do Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social (DAGEP/SGEP/MS) utilizando dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/DATASUS/MS).

Os riscos a saúde emocional são notados e preocupantes em todos os recortes sociais, mas observa-se maiores números na população assistida por esse projeto. Tendo como base dados do Ministério da Saúde, experiências pessoais e depoimentos colhidos no decorrer desse semestre, a Pense Plural tem como objetivo trazer à tona discussões sobre a construção da identidade do jovem negro, observando a delicadeza e importância desse assunto. O cenário acadêmico é excludente, e reconhecemos a urgência de dar voz aos nossos.


“A arte e a prática de amar começam com a nossa capacidade de nos conhecer e afirmar”. - Bel Hooks, Vivendo de Amor


Se você e/ou alguém próximo está passando por alguma situação, não hesite em procurar ajuda profissional. O Centro de Valorização da Vida conta com atendimento gratuito, via chat ou telefone (188). Em breve, traremos locais onde há atendimento especializado para pessoas de baixa renda*.

*esse levantamento será feito com base na localização da cidade de São Paulo, abriremos sugestões para outras localidades.


Gostaria de fazer parte desse projeto? Mande sua mensagem no espaço para contato ao final da página. Todo apoio é bem-vindo.












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