Conheça os povos indígenas que estão aos arredores dos incêndios na Amazônia
- Pense Plural
- 5 de out. de 2019
- 4 min de leitura
Em um levantamento feito pelo Instituto Socioambiental (ISA), no período de 20/7 a 20/8 demonstrou que o Parque Indígena de Araguaia tem sido a terra indígena com o maior foco de incêndios, só no mês de agosto foram 752 focos de calor.
Que as queimadas e o desmatamento prejudicam a todos, nós sabemos, porem existem povos que vivem aos arredores da área e que são afetados diretamente. Conheça-os:
Avá-Canoeiro

Conhecidos também como "Cara-Preta", "Canoeiro"e "Carijó". Os Avá-Canoeiro falam uma língua da família Tupi-Guarani, do tronco Tupi apesar da sua língua materna ser o Âwa.
Atualmente existem dois grupos Avá-Canoeiro vivendo em contato permanente com a sociedade nacional. Em Goiás, localizam-se nos municípios de Minaçu e Colinas do Sul e na região da bacia do Araguaia, moram na aldeia Boto Velho ou Inãwebohona.

De acordo com a Organização povos indigenas, os grupos já contatados vivem em meio a condições precárias de saúde e alimentação, além de ainda enfrentarem o problema da escassez de parceiros para sua continuidade física e social.
Separados há mais de um século, os Avá-Canoeiro do Tocantins e do Araguaia desenvolveram diferenças culturais, inclusive lingüísticas, consideráveis, os do Araguaia abandonaram atividades de cerâmica, música com flautas, fabrico de cachimbos e o tabagismo. Comparando os dois grupos‚ conclui-se que os Avá-Canoeiro há mais tempo em deslocamento contínuo, como os do Araguaia, perderam e/ou deixaram temporariamente de fazer uma série de itens de sua cultura material.
Na primeira quinzena de julho de 2019 houve um reencontro entre os grupos como meio de fortalecer sua organização política e cultural, a memória e a língua materna Âwa (modo como se autodenominam).
Karajá

Os Karajá são habitantes das margens do rio Araguaia nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, eles possuem convivência com a Sociedade Nacional porem mantem os costumes tradicionais como: a língua nativa, as bonecas de cerâmica, as pescarias familiares, os rituais como a Festa de Aruanã e da Casa Grande (Hetohoky), os enfeites plumários, a cestaria e artesanato em madeira e as pinturas corporais, como os característicos dois círculos na face.

Ao mesmo tempo, buscam a convivência temporária nas cidades para adquirir meios de reivindicar seus direitos territoriais, o acesso à saúde, educação bilíngue, entre outros.
Isto mostra uma grande mobilidade dos Karajá, que apresentam como uma de suas feições culturais a exploração dos recursos alimentares do rio Araguaia. Os Karajá tem o costume de acampar com suas famílias em busca de melhores pontos de pesca de peixes e de tartarugas, nos lagos, nas praias e nos tributários do rio, onde, no passado, faziam aldeias temporárias, inclusive com a realização de festas, na época da estiagem do Araguaia. Com a chegada das chuvas, mudavam-se para as aldeias construídas nos grandes barrancos, a salvo das subidas das águas, onde, em alguns lugares, ainda hoje fazem suas roças familiares e coletivas, locais de moradia e cemitérios.
Javaé

Até o início do século 20, os Javaé mantiveram-se muito mais isolados da sociedade nacional do que os seus vizinhos Karajá e Xambioá, mas as três etnias sempre tiveram um histórico de relacionamento próximo.
Os próprios Javaé enfatizam bastante as diferenças e concebem a si próprios como um grupo étnico único e diferente dos Karajá e Xambioá, considerando ofensivo serem chamados de Karajá.

Os principais critérios de localização das aldeias dos três povos falantes da língua Karajá relacionam-se intimamente com o regime anual de inundações periódicas do vale do Araguaia e com os padrões de subsistência mais adequados às características ambientais próprias da região. Até a metade do século 20, pelo menos, os Javaé e Karajá mantinham um padrão territorial de alternância entre as aldeias de “inverno” (da estação cheia), situadas em lugares mais altos e secos, e os acampamentos provisórios e mais dispersos de “verão” (da estação seca), situados nas praias que surgem nos rios à medida que a água vai secando. Desde a década de 50, com a chegada de compradores de peixe ao Araguaia, os Javaé e Karajá substituíram os tradicionais e longos acampamentos de verão, realizados por famílias inteiras, por rápidas e frequentes expedições de pesca, de cunho comercial, feitas por pequenos grupos de homens.
Tapirapé

Os Tapirapé constituem um povo Tupi-Guarani habitante da região da serra do Urubu Branco, no Mato Grosso e podem ser encontrados nos baixos curso dos rios Tocantins e Xingu. Em meados do século XX, sofreram intensa depopulação, período em que estreitaram suas relações com grupos Karajá, até então seus inimigos. Depois de terem seu território tradicional ocupado por fazendas de agropecuária, na década de 1990 conseguiram reconhecimento oficial de duas TIs, sendo uma delas coabitada pelos Karajá. Mas na TI Urubu Branco ainda enfrentam problemas fundiários, em razão de invasões de fazendeiros e garimpeiros.
Os Tapirapé vivem em comunidades fortemente apoiadas na atividade agrícola. Suas roças lhes fornecem não só sua base de subsistência, como estruturam, juntamente com a caça, sua vida espiritual.

Um importante princípio organizativo da sociedade Tapirapé são as chamadas “sociedades de pássaros” ou, simplesmente wyra. Exclusivamente masculinas, tais sociedades são divididas em duas grandes “metades”, que por sua vez são compostas por grupos de idade: de homens mais velhos, homens maduros e jovens. Um homem liga-se à “sociedade de pássaro” de seu pai e à medida que cresce vai passando ao outro grupo de sua própria metade. As wyra atuam competitivamente como grupos de caça, de trabalhos cerimoniais, de canto, em tarefas agrícolas, construção de casas etc.
Esses são apenas alguns povos que estão sofrendo com as queimadas, confira no mapa abaixo o monitoramento diário de focos de incêndio das ultimas 24h:
O Mapa está ancorado no Sisarp (Sistema de Áreas Protegidas), uma base de dados com informações sobre todas as áreas protegidas do país, e que é abastecida diariamente pela equipe do Monitoramento do Instituto Socioambiental.
Referências:
http://ermiracultura.com.br/2017/05/14/ava-canoeiros-na-tela1/
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